Diabetes: como saber se você tem?

Entenda o passo a passo do diagnóstico que salva vidas

10/16/20253 min ler

O diabetes nem sempre chega com sintomas claros — e é exatamente por isso que entender o diagnóstico é tão importante. Hoje, graças aos avanços da ciência, é possível identificar a doença de forma precoce e agir antes que ela cause complicações.

Mas afinal, o que significam todos esses exames — glicemia, hemoglobina glicada, teste de tolerância à glicose? Vamos entender juntos, de maneira simples, cada etapa desse processo.

1. O ponto de partida: o açúcar no sangue

O diabetes mellitus é diagnosticado quando há hiperglicemia, ou seja, níveis de glicose no sangue mais altos do que o normal. Essa alteração pode ser detectada em diferentes momentos: em jejum, após a ingestão de glicose, ou por meio da média da glicose dos últimos meses.

Os principais exames utilizados são:

  • Glicemia de jejum: mede o açúcar no sangue depois de 8 a 12 horas sem comer.

    • Normal: abaixo de 100 mg/dL

    • Pré-diabetes: entre 100 e 125 mg/dL

    • Diabetes: 126 mg/dL ou mais

  • Hemoglobina glicada (HbA1c): mostra a média da glicose nos últimos 2 a 3 meses.

    • Normal: abaixo de 5,7%

    • Pré-diabetes: entre 5,7% e 6,4%

    • Diabetes: 6,5% ou mais

2. O exame da glicose após o desafio

O famoso teste de tolerância à glicose (TTGO) é aquele em que a pessoa toma uma solução doce com 75g de glicose e tem o sangue coletado depois.

A novidade é que, segundo as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD, 2024), além da glicemia de 2 horas (TTGO-2h), agora também se reconhece o teste de 1 hora (TTGO-1h), que traz resultados mais rápidos e eficazes:

  • TTGO-1h:

    • Normal: abaixo de 155 mg/dL

    • Pré-diabetes: entre 155 e 208 mg/dL

    • Diabetes: 209 mg/dL ou mais

Esse teste ajuda a identificar o risco antes mesmo de o diabetes se instalar, abrindo uma janela de prevenção valiosa.

3. Quando o exame deve ser repetido

Se apenas um resultado estiver alterado, o exame deve ser repetido para confirmação.
Já se dois testes diferentes (por exemplo, glicemia de jejum e HbA1c) estiverem elevados na mesma amostra, o diagnóstico está confirmado.

4. Quem deve fazer os exames de rastreamento

A SBD recomenda que todas as pessoas:

  • A partir dos 35 anos façam o rastreamento de rotina;

  • Ou, antes disso, se houver sobrepeso, obesidade ou fatores de risco, como histórico familiar de diabetes, hipertensão, colesterol alto ou sedentarismo.

Esse cuidado também vale para crianças e adolescentes com excesso de peso e histórico familiar de diabetes tipo 2.

5. Por que descobrir cedo faz diferença

Saber precocemente permite agir na hora certa: mudar hábitos, ajustar a alimentação, praticar atividades físicas e, quando necessário, iniciar o tratamento adequado.
A boa notícia é que, quanto mais cedo o diagnóstico, maior a chance de evitar complicações como doenças cardiovasculares, renais e oculares.

6. O olhar acolhedor da saúde

Entender seus exames é um passo poderoso de autocuidado. Mas o diagnóstico deve sempre ser feito por um profissional de saúde — de preferência, com acompanhamento de um nutricionista e do médico endocrinologista.

O acompanhamento constante é o que transforma a informação em ação e saúde.

Conclusão: conhecimento que protege

O diagnóstico do diabetes não é um rótulo — é um convite ao cuidado. Cada número no exame é uma oportunidade de mudar o rumo da história, com escolhas mais conscientes e uma vida com mais energia, equilíbrio e esperança.

Por Walkíria da Cruz Vieira Soares
Nutricionista, especialista em diabetes e amante de educação.

Referências (ABNT):
SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES. Diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes: Diagnóstico de Diabetes Mellitus. São Paulo: SBD, 2024. DOI: 10.29327/5412848.2024-1.
AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. Diagnosis and Classification of Diabetes: Standards of Care in Diabetes—2024. Diabetes Care, v. 47, supl. 1, p. S20–S42, 2024.