Nutrição e Diabetes

A nova diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD, 2024) traz um olhar moderno e humano sobre a alimentação no diabetes tipo 1. O foco agora é a liberdade com consciência, valorizando o conhecimento, a contagem de carboidratos e o equilíbrio entre prazer e controle glicêmico. Neste artigo, a nutricionista Walkíria da Cruz Vieira Soares explica como a terapia nutricional personalizada transforma o cuidado em autonomia, e mostra que comer bem é uma forma de viver com mais leveza, saúde e confiança mesmo com o diabetes tipo 1.

Walkiria Vieira

10/21/20252 min ler

a glass of milk, crackers and cherries on a white table
a glass of milk, crackers and cherries on a white table

Diabetes Tipo 1 e Alimentação

A liberdade com consciência na mesa.

Novas diretrizes mostram que comer bem com diabetes tipo 1 não é sobre restrição, e sim sobre equilíbrio, conhecimento e autonomia.

O tratamento do diabetes tipo 1 vem evoluindo de forma inspiradora. Hoje, a alimentação de quem convive com o DM1 deixou de ser uma lista de “pode” e “não pode” para se tornar um plano alimentar flexível, feito sob medida, com o apoio de uma equipe de saúde, especialmente do nutricionista.

A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD, 2024) reforça que não há uma “dieta ideal” para todos. Cada pessoa é única e deve ter seu plano nutricional construído a partir do estilo de vida, cultura, preferências e rotina. O foco está em comer com consciência e liberdade.

O papel dos carboidratos: aliados, não vilões!

O carboidrato é o principal nutriente a impactar a glicemia após as refeições, mas isso não significa que deva ser eliminado. O segredo está em aprender a contar os carboidratos e ajustar a dose de insulina conforme a refeição — técnica que comprovadamente melhora o controle glicêmico e traz mais autonomia (Campos et al., 2024).

Fontes de carboidratos ricos em fibras e minimamente processados como frutas, grãos integrais, feijões, legumes e verduras são os protagonistas da boa alimentação.

Já os açúcares adicionados e produtos ultraprocessados devem ser exceção, não regra.

Gorduras e proteínas também contam!

Pesquisas mostram que gorduras e proteínas podem alterar a glicemia horas após a refeição. Isso significa que refeições mais ricas nesses nutrientes exigem atenção e ajustes finos na insulina especialmente em quem usa bomba de infusão.

O nutricionista é o profissional ideal para orientar esses cálculos com segurança.

Índice glicêmico e fibras: aliados no controle

Alimentos de baixo índice glicêmico ajudam a reduzir o pico de glicose após as refeições, especialmente quando consumidos em preparações simples. A presença de fibras, como nas frutas com casca e nas leguminosas, também colabora para estabilizar a glicemia e proteger o coração.

O estudo EURODIAB mostrou que pessoas com DM1 que consomem mais fibras têm menor risco cardiovascular e melhor controle glicêmico — cerca de 14g de fibra a cada 1000 kcal é a meta recomendada.

Peso corporal e autocuidado.

Para pessoas com DM1 e excesso de peso, pequenas reduções de 5 a 10% no peso corporal já trazem benefícios para a saúde. O segredo está em uma restrição calórica leve e individualizada, acompanhada por ajustes na insulina e reavaliações periódicas.

A mensagem mais importante

A terapia nutricional no diabetes tipo 1 não é sobre cortar, mas sobre compreender, ajustar e equilibrar. É um convite para viver com mais liberdade e segurança, com o apoio contínuo da equipe multiprofissional.

Cuidar da alimentação é uma forma de amar a si mesmo — com leveza, sabor e consciência.

Por Walkíria da Cruz Vieira Soares – Nutricionista, especialista em diabetes e amante de educação.

Referência:
Campos, T. F. et al. Terapia Nutricional no Diabetes Tipo 1. Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes, 2024. DOI: 10.29327/5412848.2024-4.